Um outro setor também vai de vento em popa. São bilhões de reais em investimentos e milhares de empregos gerados. Onde os cata-ventos gigantes aparecem, a economia agradece. Em apenas cinco anos, foram construídos 285 parques eólicos no Brasil. A maioria no Nordeste. Foi a força do vento que impediu o racionamento de energia na região.
“Dado que o Nordeste está passando por cinco anos já de crise hidrológica, as eólicas foram fundamentais para evitar o desabastecimento do Nordeste. Teve alguns dias que a geração eólica chegou a ser maior que a geração hidrelétrica e a geração termelétrica”, diz Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética.
Também graças ao vento, não foi preciso ligar mais usinas térmicas, fonte de energia suja e muito mais cara. Uma economia de R$ 5 bilhões só no ano passado.
Os bons ventos que sopram fizeram o diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico mudar de opinião sobre a segurança da energia eólica.
“Hoje eu tenho uma outra visão, não tenho mais essa preocupação. A geração eólica é um fato, não é, e o que nós temos que fazer é nos capacitarmos tecnologicamente pra poder agregar essa expansão com um mínimo de distúrbio pro sistema”, afirma Hermes Chipp, diretor-geral do NOS.
Cinco por cento de toda a energia produzida no Brasil hoje vem do vento. O suficiente para 24 milhões de pessoas ou todas as residências do estado do Rio. E a participação dessa fonte na matriz energética não para de crescer, a um custo baixo, sem subsídios do governo. Nos próximos cinco anos, deve passar dos 10%. Mais empregos, mais energia e mais dinheiro circulando na economia.
Nos próximos quatro anos, serão R$ 66 bilhões em investimentos, já garantidos por contrato. Só no ano passado, o setor gerou 40 mil empregos diretos e indiretos. E deve gerar mais 200 mil pra dar conta de todos os projetos.
“Nós estamos inclusive buscando especialização de mão de obra porque a mão de obra está escassa na indústria eólica. E nós estamos atraindo muitos fabricantes para o Brasil. Vários bancos internacionais, investidores internacionais buscando investimento na indústria eólica. Aqui não tem crise”, comenta Élbia Ganon, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica.
A crise também passa longe de uma fábrica em Sorocaba, no interior de São Paulo. É a única do Brasil que já exporta pás eólicas para outros países. Mas hoje a prioridade é o mercado brasileiro.
“A gente tem percebido nos últimos quatro anos um crescimento em torno de 400%. Mais do que triplicaram as nossas vendas para o mercado nacional”, diz o diretor de operações Fabiano Mori.
Fonte: G1